Médicos pedem ajuda a Cirone Deiró para manter atendimento à população

13 julho, 2020

Com 10 leitos de UTIs fechados por falta de profissionais de saúde, médicos registram em documento colapso no atendimento da macrorregião II

 Nessa segunda-feira, 13 de julho, o deputado Cirone Deiró recebeu um documento assinado por representantes dos médicos detalhando a gravidade da situação enfrentada pelos profissionais que atuam no Complexo Hospital de Cacoal.

A precariedade nas condições de trabalho para a assistência aos pacientes da Covid-19, e a interrupção na assistência médica aos pacientes, acometidos de outras patologias fazem parte dos relatos dos médicos.

Segundo consta no documento, a situação se agravou diante da improvisação nas medidas adotadas inicialmente, pela Secretaria de Estado da Saúde-Sesau, que suspendeu todos os demais atendimentos e transferiu de forma aleatória os profissionais para o setor de atendimento aos pacientes da Covid.

Segundo os profissionais da saúde, o documento tem o propósito de formalizar os problemas que se arrastam desde a assistência aos primeiros pacientes da Covid no Complexo Hospitalar de Cacoal.

Ocasião, em que os médicos já buscavam estabelecer um diálogo com a equipe da Sesau, responsável pelo Planejamento Estratégico aos pacientes da Covid.

Nesse sentido, uma reunião por vídeo conferência com o secretário chefe da casa Civil, Júnior Gonçalves, intermediada pelo deputado Cirone Deiró, foi realizada na última terça-feira, 08 de julho e contou com a presença de médicos que atuam no Complexo Hospitalar de Cacoal.

Durante a reunião, os representantes dos médicos, detalharam as dificuldades para atender as demandas dos pacientes graves com a Covid. Eles chamaram a atenção para o grande número de pacientes graves em tratamento na UTI para apenas um médico por plantão, realidade que segundo eles, compromete a assistência adequada a esses pacientes.

A precariedade das condições de serviços a que estão submetidos os profissionais de saúde e o desmonte da assistência a pacientes com outras patologias também esteve na pauta da reunião.

O secretário Júnior Gonçalves afirmou que já tinha recebido algumas demandas apresentadas pelo deputado Cirone Deiró. O chefe da casa civil disse que diante dos novos relatos precisava se inteirar do conjunto das reivindicações apresentadas, pelos médicos e que está à disposição para fazer a interlocução junto a Sesau.

O deputado Cirone Deiró avaliou como positiva o primeiro encontro dos médicos com o representante do governo, secretário Júnior Gonçalves.

Documento improvisação e desmonte nos serviços de saúde do Complexo Hospitalar de Cacoal 

A médica oncologista dermatológica do Hospital Regional, Sandra Maíra, explica que o complexo hospitalar de Cacoal que compõe a macrorregião II, e atende uma população de cerca de 850 mil habitantes, número que representa 53% da população rondoniense.

“No entanto, pelas dificuldades que temos enfrentado na rotina de trabalho constatamos que o Complexo Hospitalar de Cacoal ainda não se beneficiou das medidas previstas no Decreto Legislativo que reconheceu o estado de calamidade pública na saúde e assegurou a adoção de medidas estratégicas para o enfrentamento e tratamento da Covid”, afirmou.

De acordo com a médica Sandra Maíra, o que se constata até o momento é o desmonte dos serviços de saúde oferecidos a população, com a suspensão dos atendimentos nas especialidades médicas, fechamento da UTI pediátrica e redução dos leitos de UTIs adultos, destinados a pacientes que estejam em tratamentos de outras patologias.

“Nos sentimos abandonados nessa guerra. Os atendimentos que estão sendo realizados são resultado do esforço coletivo dos médicos e demais profissionais de saúde.

Situação que não tem como se sustentar por mais tempo. Porque a sobrecarga de trabalho tem trazido prejuízos a saúde desses profissionais.

Alguns profissionais já apresentam problemas de saúde em consequência dessa realidade”, lamentou, ao afirmar que o adoecimento dos médicos pela excessiva carga de trabalho já é uma realidade.

O documento entregue ao deputado Cirone Deiró faz um alerta sobre a ausência de investimentos da Secretaria de Estado da Saúde-Sesau no Complexo Hospital de Cacoal, em relação a contratação de profissionais e remuneração condizente com a responsabilidade que se exige dos médicos e profissionais que estão na linha de frente do tratamento aos pacientes da Covid.

Segundo consta no documento, foram remanejados para a assistência a pacientes da Covid, profissionais da pediatria, clinico geral e outros médicos que há anos, não atuam em UTIs, onde o protocolo de cuidados aos pacientes são atualizados constantemente.

De acordo com o deputado Cirone Deiró, essa realidade trazida pelos médicos tem causado perplexidade a população e provocado sérios transtornos aos profissionais da saúde que estão vivenciando as consequências da ausência da Secretaria de Estado da Saúde-Sesau em relação as necessidades de investimentos, contratação de profissionais e remuneração condizente com a responsabilidade que se exige dos médicos e profissionais de estão na linha de frente do tratamento aos pacientes da Covid.

“Há quatro meses estamos aguardando a Secretaria de Estado da Saúde-Sesau adotar medidas urgentes para a contratação de profissionais da saúde com remuneração diferenciada para prestar assistência aos pacientes da Covid.

Estamos em guerra contra um vírus com alta letalidade, é preciso remunerar de forma justa esses profissionais que estão na linha de frente”, justificou.

Segundo o documento entregue ao deputado Cirone Deiró, soma-se a falta de recursos humanos, falta de insumos, EPIs e nem mesmo os investimentos em infraestrutura para atender essa demanda crescente de pacientes que necessitam de cuidados nas poucas UTIs que existem no Hospital Regional de Cacoal.

Consta ainda no documento, que essa realidade caótica se repete no Hospital de Urgência e Emergência- Heuro, onde os corredores estão sendo usados para manter o distanciamento de pacientes em tratamento da Covid.

Para o deputado Cirone Deiró, os fatos relatados comprovam que o peso da pandemia está única e exclusivamente sobre os ombros dos médicos e profissionais de saúde do Complexo Hospitalar de Cacoal.

“Profissionais esses, que estão sendo obrigados a ir para a guerra sem a segurança de estarem preparados para todos os riscos que envolvem o tratamento a Covid-19. Já que são médicos que estão há anos, atuando apenas nas clínicas médicas, a exemplo de pediatras, cardiologistas, cirurgiões, oncologistas e outros”, assinalou.

Por Edna Okabayashi

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