Empresário é preso por escravizar casal de venezuelanos em fazenda no interior de Roraima

14 maio, 2019

Contratados para trabalhar em fazenda de Mucajaí, venezuelanos eram obrigados a comprar mercadorias na padaria do patrão e não recebiam salários. Vítimas foram resgatadas e suspeito levado à Polícia Federal.

Um empresário brasileiro, de 37 anos, foi preso em flagrante nesta segunda-feira (13) por submeter um casal de venezuelanos a trabalho escravo em uma fazenda em Mucajaí, região Sul de Roraima.

As vítimas e a filha deles, uma menina de 11 anos, foram resgatados pela Divisão de Fiscalização para Erradicação do Trabalho Escravo (Detrae) do Ministério da Economia.

O suspeito foi preso com uma pistola. Um irmão dele, de 36, também acabou detido por desacato. O resgate teve o apoio da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e do Ministério Público do Trabalho.

O casal de venezuelanos era explorado há cerca de um ano na fazenda, distante cerca de 12Km da sede de Mucajaí.

De acordo com o auditor-fiscal do Trabalho, Magno Riga, responsável pela operação, o empresário, também dono de uma padaria, obrigava as vítimas a comprarem mantimentos no estabelecimento e não lhes pagava salário com a justificativa de que havia dívidas pelas mercadorias.

“Esse casal estava numa situação de servidão por dívida, porque eles eram obrigados a pegar os itens básicos de sobrevivência na padaria do empregador e em razão disso não recebiam salários”, explicou.

As vítimas não recebiam salário há cerca de três meses e tinham a acesso a poucos alimentos fornecidos pelo patrão.

O combinado seria R$ 1 mil mensais, o que nunca foi efetuado na prática. A carteira de trabalho do marido não foi assinada e o empresário ficou com o documento em sua posse.

“Nos meses anteriores, eles recebiam um valor muito pequeno. Cerca de R$ 100, R$ 200 em razão de que o empregador fornecia a alimentação e descontava do valor combinado”, disse Riga.

Empresário além de obrigar casal a comprar mantimentos em sua padaria ainda fornecia poucos itens às vítimas, informou o coordenador da operação

Quando chegaram à fazenda onde o casal morava, os fiscais encontraram a geladeira e dispensa praticamente vazias. Coagidas e ameaçadas, as vítimas eram obrigadas a cuidar da fazenda.

 “Estávamos diante do contexto em que o empregador segurou o documento da vítima, não pagava salário, ameaçava e ainda tinha uma arma. Temos relatos de que ele era uma pessoa bastante agressiva. Então, todo esse conjunto que configurou a exploração”, explicou o auditor.

O empresário foi preso na padaria. Um irmão estava no estabelecimento na hora, tentou impedir o trabalho da operação, gritou e xingou os policiais, por isso, acabou preso, informou o auditor.

Preso em flagrante por manter os venezuelanos sob escravidão e por posse ilegal de arma de fogo, o suspeito foi levado à sede da Polícia Federal em Boa Vista, distante cerca de 58 Km de Mucajaí. O irmão dele também foi conduzido à delegacia.

Além do casal de imigrantes escravizados, os auditores flagraram ao menos 10 funcionários trabalhando em condição irregular na padaria. A maioria não tinha carteira assinada. Por esse motivo, o empresário também iria ser multado e obrigado a regularizar a situação.

Fonte: Valéria Oliveira, G1 RR

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